sexta-feira, 3 de julho de 2009

Manuel Pinho no Parlamento

José Sócrates foi ontem obrigado a demitir o seu sempre polémico ministro da Economia, Manuel Pinho, e pela pior das razões. Este decidiu fazer o gesto de uns cornos em resposta a um aparte parlamentar do PCP e a imagem correu rapidamente na Internet precipitando a demissão numa altura em que o PS e o primeiro-ministro estão fragilizados no pós-europeias.

"Em nome do Governo peço desculpa ao Parlamento" assumiu ontem José Sócrates no final do debate do Estado da Nação depois de considerar "injustificável o facto do ministro da Economia, Manuel Pinho, ter feito no plenário o gesto de uns cornos respondendo dessa forma a um à parte do líder parlamentar do PCP sobre as minas de Aljustrel. Escassos minutos após o pedido de desculpas formais o primeiro-ministro dizia aos jornalistas que o aguardavam nos Passos Perdidos que tinha decidido durante o próprio debate substituir Manuel Pinho na pasta da Economia, passando esta a ser assumida pelo ministro de Estado e das Finanças até ao final da legislatura". O "filme" do incidente que levou à demissão de Pinho começou quando nada o faria esperar, precisamente quando o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, questionava Sócrates sobre a situação nas Minas de Aljustrel, unidade para a qual o titular da Economia e Vital Moreira prometeram a criação de emprego. Durante a intervenção de Louçã e num tradicional à parte parlamentar Bernardino Soares, do PCP, lembrou ao ministro o episódio deste ter ido a Aljustrel entregar ao clube de futebol local um cheque de cinco mil euros "passado" pela EDP. Inexplicavelmente o verniz de Pinho estalou com o ministro a evocar na arena política gestos próprio de outras arenas.

Bernardino Soares de imediato utiliza o telefone interno para junto do Ministro dos Assuntos Parlamentares, a exigir um pedido de desculpas. Visivelmente perplexo Santos Silva senta-se ao lado de Manuel Pinho na bancada do Executivo e pouco depois assumia aos jornalistas ter pedido em nome do Governo desculpas ao deputado comunista. "Agradeço a compreensão e a colaboração do líder parlamentar do PCP", adiantava Santos Silva considerando a atitude de Pinho infeliz e injustificável.

Pouco depois, Manuel Pinho vem até aos Passos Perdidos e confrontado pelos jornalistas reconhece que "se excedeu e pede desculpas" justificando a sua atitude pelo facto de "o governo tentar safar empregos e estar a ouvir acusações da oposição". Questionado sobre se tinha hipóteses de continuar no executivo disse "não existir qualquer razão para sair. Pouco depois o ministro regressou ao plenário mas instantes depois foi chamado à sala de apoio ao governo. Quando Manuel Pinho saiu dessa sala "escoltado" por Silva Pereira, ministro da Presidência e Santos Silva para se dirigir às instalações do ministro dos Assuntos Parlamentares os rumores de que a demissão estava iminente avolumaram-se. Meia hora depois os titulares da presidência e dos Assuntos parlamentares regressaram ao hemiciclo. A cadeira de Pinho passou a ser ocupada pelo seu secretário de Estado Fernando Serrasqueiro. A demissão estava consumada. Horas depois, na SIC, dizia ter decidido demitir-se depois de ligar à mulher que tinha ficado "muito feliz". Saiu elogiando "o apoio" de Sócrates e disse ir para férias.





Comentário pessoal: Quererá isto dizer que a ecónomia do país está feita uma grande tourada?

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